No Cerrado de Goiás, as grandes lavouras de soja estão dando lugar ao plantio de frutas de clima frio.
Em Cristalina, o agricultor Edson da Silva, que antes só produzia grãos em terras arrendadas, comprou uma propriedade e passou a plantar frutas em 2014. Hoje ele cultiva maçã, uva e pêssego (frutas de clima temperado, mais ameno) e também atemoia (nativa das montanhas dos Andes) e goiaba (originária da América tropical).
Com essa quantidade de frutas, consegue fazer uma programação para ter colheita durante todos os meses do ano.
Na propriedade de Edson, a irrigação é feita por microaspersão, um método que molha as fruteiras sem exagero nem desperdício. O controle da umidade ajuda também a evitar o desenvolvimento de fungos e diminuiu a presença de pragas.
"Você consegue fazer a gestão da água melhor. E, tendo esse monitoramento, por consequência, vai usar muito menos defensivo agrícola", conta o agricultor.
Com tanto cuidado, a produção cresce. Em 2017, o produtor colheu 20 toneladas de pêssegos. Mas os pés ainda são jovens e não chegaram ao potencial máximo de produção, o que significa promessa de mais frutas no futuro. A expectativa é de que, dentro de 2 anos, cada pé salte dos atuais 200 pêssegos produzidos, em média, para 750.
Já as goiabeiras deram 110 toneladas em 4 hectares e as parreiras produziram 18 toneladas de uva em 2 hectares. A produção de maçãs somou 44 toneladas em 2 hectares – ainda é metade da média nacional, mas está acima do esperado para um pomar de apenas 2 anos.
O sítio de Edson tem 9 funcionários, todos com carteira assinada. Ele espera recuperar todo o investimento feito no cultivo até o final deste ano. "Depois da minha família, essa é minha segunda paixão. A fruticultura é uma coisa apaixonante", diz.
Inspiração
Inspirados na experiência de Edson, outros 5 agricultores da região passaram a investir na fruticultura. Um deles é Marcelino Sato, que plantou apenas grãos durante 30 anos, mas agora tem 8 hectares plantados com tangerina, caqui e uva. Ele também cultiva mil hectares de soja.
Seu pomar ainda é jovem e não começou a produzir. Marcelino investiu R$ 110 mil por cada hectare de uva e R$ 35 mil por hectare de tangerina e caqui, mas não se arrepende.
"Vejo o pomar produzindo bastante, com frutos de qualidade, que o consumidor final sente o gosto, o gosto saboroso da planta", planeja.
Por Caroline Dulley
Fonte: Globo Rural